segunda-feira, 18 de maio de 2015

...HERÓIS E VILÕES: SIMPLESMENTE HUMANOS...

Existem verdades, muitos tipos de verdades. Verdades que não dizem respeito propriamente à realidade, mas que são feitas de mentiras, de ações que envergonham. Verdades que são sufocadas pelos terríveis medos. Verdades íntimas e até mesmo cruéis: incapazes de valorizar um sonho, um sentimento.
Quando crianças somos cercados de histórias onde existem apenas dois caminhos a serem trilhados: o bem ou o mal; a luz ou as trevas; a benção ou a maldição. Em suma, no belo mundo da nossa extensa imaginação e criatividade sempre há o mocinho ou a mocinha que enfrentam uma terrível ameaça e que conseguem, apesar de todo o tipo de sofrimento que experimentam, atingir a plenitude da felicidade sem se mancharem com a corrupção, com a maldade. É assim com a Branca de Neve. É assim com a Cinderela. É assim com a Rapunzel. E é assim também conosco.
O fato é que a nossa vida inteira procuramos algo que está fora de nós para apontarmos como sendo o mal, o ruim. Confrontamos os mais diversos tipos de problemas. Caímos. Somos decepcionados. Nos isolamos. E o pior de tudo: nos iludimos. Criamos expectativas que lá no fundo enganam apenas a nós, mas que tem o objetivo de enganar aos outros também. Quem nunca parou em situações de desespero e desamparo para procurar a quem culpar? Sempre precisamos de um culpado! Qualquer um, menos nós mesmos.
E mais tarde, quando atingimos uma certa idade onde o amadurecimento vem, chegamos à conclusão de que na realidade, aquilo que aprendemos com as histórias infantis à respeito do bem e do mal, das bruxa e das fadas, dos heróis e dos vilões não é necessariamente um contexto social, comunitário, simplesmente porque ele o é também um contexto interior. Sim, bem e mal dentro de cada um de nós.
Quem nega isso, enxerga-se como a supremacia da justiça ou como a vítima imaculada. Não toma conhecimento de que o maior mal possível só acontece por intermédio próprio, por escolha própria. Não enfrenta a verdade que só é possível ao bater no peito e declarar: “mea culpa”.  
É, em diversas situações da vida desejamos ter alguém por trás das nossas escolhas, não porque vamos deixar de sofrer ao sermos decepcionados pelas pessoas, mas porque a dor de ser decepcionado por quem quer que seja é bem menor que a dor de sermos decepcionados por nós mesmos.
E para seguir em frente? Perdão é sempre a resposta. Perdão ao amigo. Perdão aos familiares. Perdão ao desconhecido. Perdão que não é possível sem termos perdoado a nós mesmos primeiro.



CLEITOM SOARES DE MELO

XIX MAIVS MMXV

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