segunda-feira, 9 de junho de 2014

Recíproca: enganar e deixar-se enganar

Faz muito tempo que eu não escrevo nada que se possa aproveitar... E eis a minha certeza de melancolia: somente consigo escrever quando a tristeza invade meu peito, meus sentidos...
A sinceridade às vezes parece ser tão vazia. Tão cheia de envolvimento com a mentira. Com a ilusão. E os três pontos ao fim das frases querem expressar exatamente algo vago. Vago e que não quer ser preenchido por nada.  Vago e ao mesmo tempo preenchido: por maldade, por dúvidas, por sonhos irrealizáveis, por movimentos contínuos de crises que atrapalham no entendimento dos fatos.
Por que mentimos quando amamos? Por que omitimos quando sentimos os sentimentos mais belos? Por que sonhamos com algo que seja impossível de acontecer? Por que esperamos tanto uma expressão de carinho e acabamos nos deparando com o esquecimento?
Não seria eu, ineditamente a me questionar quanto a tais dúvidas, outros já o fizeram. Mas já que estamos todos condenados a viver, devemos aprender como fazer isso da melhor maneira possível. Não sem nos machucarmos, afinal, a queda é inevitável: caímos por conta própria ou simplesmente somos derrubados, jogados ao chão. E se pararmos de pra pensar, o mundo continua girando. As pessoas continuam nascendo, crescendo, envelhecendo e morrendo. Os peixes continuam a nadar e fugir de seus predadores. E nós, continuamos achando que somente os nossos problemas é que são problemas de verdade.
Eu nem sei o porquê estou a escrever ao mesmo tempo em que ouço freneticamente “Comptine D’Un Autre Ete”, música que há muito tenho evitado escutar. Mas eu sei que dói o sentimento de se achar enganado e ao mesmo tempo enganar: uma recíproca constante e dolorida, mas sentida e inevitável.
Mentimos porque não queremos magoar alguém. Mas quando a verdade vem à tona, descobrimos que magoamos do mesmo jeito, porém de forma pior, pois a mentira está inclusa.
E o que falar da certeza, quando na verdade é a dúvida que permanece? Como afirmar algo que na verdade não sentimos, mas insistimos em fingir sentir? Eis a constante da vida. Eis o emprego do utilitarismo: escolher o mal menor.

E assim vamos vivendo.

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