segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

...COTIDIANO...


Todos os dias
Mentiras são ditas em algum lugar qualquer.
Mentiras que ferem,
Como flechas dos guerreiros medievais
Que partem em guerra
Para defender o seu povo.

Todos os dias
Verdades são expressas faça o bem ou faça o mal.
Mas elas também machucam,
Como afiadas espadas
Que perfuram o coração valente
Do cavaleiro sonhador.

Senhoras e senhores,
Meninos e meninas:
O espetáculo já começou.
Senhoras e senhores,
Meninos e meninas:
Não se acomodem, logo é hora de ir embora.

Todos os dias
Por mais difíceis que sejam
A viúva chora a morte do marido.
E esta dor é um vaso vazio e furado
Que por mais que se tente preencher
Sempre ficará vazio.

Todos os dias
Num jardim qualquer
Um jardineiro conversa com uma flor.
Pode parecer loucura
Mas esta é capaz de entendê-lo
Melhor que qualquer homem no mundo.

Senhoras e senhores,
Meninos e meninas:
Venham, tomem os seus lugares.
Senhoras e senhores,
Meninos e meninas:
A viagem pode ser longa, mas não cansativa.

Todos os dias
Numa casa rica ou pobre
Uma mãe cuida do seu bebê.
E olha com esperança para o seu filhinho,
Pensando em diversas carreiras
Que ele poderá seguir quando crescer.

Todos os dias
No fim da tarde
Um melancólico para, para observar o pôr do sol.
E às vezes chora.
E às vezes ri.
E às vezes sente falta de uma companhia amada.

Senhoras e senhores,
Meninos e meninas:
O tempo é para quem sabe viver.
Senhoras e senhores,
Meninos e meninas:
O tempo é para quem sabe amar.

Enfim todos os dias
Em algum canto do mundo
O telefone toca e um padre atende.
Ele pega os paramentos roxos,
Corre até velório e faz as exéquias.
Mas o espetáculo precisa continuar...

Cleitom Soares de Melo

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

...PARA RECORDAR...

O tempo passa e leva
As recordações para longe.
Mas estas insistem em retornar
Oferecendo dor ou mesmo alegria.

E assim é com o cheiro.
E assim é com a cor.
E assim é com a melancólica melodia do piano,
Que faz uma lágrima cair num oceano de solidão.

E quem um dia poderá indagar
Sobre o motivo do suspiro
Da noiva apaixonada
Que foi abandonada no altar?

E quem um dia poderá rejeitar
A hipótese de que o cordeiro
Pode ser somente a aparência
De um lobo feroz?

O tempo passa e traz com ele
Perguntas difíceis a serem respondidas.
Questões complexas a serem refletidas.
E às vezes o medo de fazer o que deve ser feito.

E assim é com a política.
E assim é com o meio ambiente.
E assim é com todos os erros causados no passado,
Que fazem com que se perca o sono.

E quem poderá repreender
A bela jovem que se rebela
Ao ver os sonhos destruídos
Pela falta de oportunidades?

E quem poderá julgar
A vida errante do passageiro
Sendo que o caminho que irá trilhar
É tão incerto quanto a existência dos alienígenas de Marte?

É a magia do inverno
Que determina com rigidez
Como serão as flores da primavera.
Como será o raiar do Sol no verão.

Cleitom Soares de Melo

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